
Quais as principais regras de formatação ABNT? Guia Completo
0
8
Como Formatar Trabalhos Acadêmicos nas Normas da ABNT
Por que entender as normas da ABNT é indispensável
A formatação de um trabalho acadêmico não é apenas uma questão de estética: é um critério de avaliação.
Seguir as normas da ABNT é demonstrar que você domina os padrões da vida acadêmica. E mais do que isso, revela cuidado com o rigor, com a clareza da apresentação e com a comunicação eficaz de suas ideias.
Universidades exigem essa padronização para garantir consistência entre trabalhos e facilitar a leitura por orientadores, bancas e pesquisadores. Mas não se trata apenas de atender a uma formalidade. Um trabalho bem formatado transmite confiança.
Neste post, você vai aprender como formatar trabalhos acadêmicos nas normas da ABNT, passo a passo, com explicações claras, exemplos práticos e recomendações para não errar nos detalhes que fazem a diferença.

O que é a ABNT e por que ela importa tanto
A ABNT é a Associação Brasileira de Normas Técnicas. Fundada em 1940, ela é a instituição responsável por estabelecer os padrões técnicos no Brasil para documentos, produtos e processos.
No mundo acadêmico, a ABNT estabelece as diretrizes para a padronização de trabalhos como TCCs, dissertações, teses, artigos científicos e relatórios técnicos.
Essas normas garantem uniformidade na apresentação e ajudam a tornar o conhecimento mais acessível, organizado e validado.
Usar essas normas assegura que seu texto esteja alinhado com a prática acadêmica nacional.
Não seguir as regras pode significar perda de pontos ou, pior, a recusa da sua monografia, dissertação ou tese. Mesmo um excelente conteúdo pode ser desvalorizado se estiver mal apresentado.
Estrutura obrigatória segundo a formatação ABNT
Elementos pré-textuais
Todo trabalho acadêmico precisa iniciar com uma apresentação formal e padronizada, que segue rigorosamente as normas da ABNT. Esses elementos iniciais funcionam como um cartão de visitas, revelando o cuidado do autor e orientando o leitor para o que virá.
O primeiro elemento é a capa, onde devem constar o nome da instituição, o título do trabalho, o nome completo do autor, o local de realização (cidade) e o ano. Esse conjunto de informações deve estar centralizado vertical e horizontalmente na página, com destaque para o título, que geralmente aparece em letras maiúsculas.
Em seguida, vem a folha de rosto, com as mesmas informações da capa, mas acrescida de uma informação crucial: o tipo de trabalho (se é uma monografia, dissertação ou tese), a área do conhecimento, e o nome do orientador. Essa folha não recebe numeração visível, mas conta para a contagem total de páginas.
Se houver erros identificados após a impressão, pode-se incluir uma errata, que lista as correções a serem feitas. Outro item obrigatório em muitos programas é a folha de aprovação, assinada pelos membros da banca avaliadora. Já a dedicatória, os agradecimentos e a epígrafe são elementos opcionais, de cunho pessoal, mas que também devem obedecer ao padrão de formatação.
Ainda entre os elementos pré-textuais, encontram-se os resumos, sendo o primeiro em português e o segundo em língua estrangeira — geralmente inglês, mas dependendo da área pode ser exigido em espanhol ou francês. Cada resumo deve conter palavras-chave ao final, alinhadas com o conteúdo do trabalho.
Fechando essa seção, está o sumário, que apresenta a estrutura do trabalho, com a numeração correta de todas as seções e subseções. Ele deve ser gerado automaticamente a partir dos estilos de título definidos no processador de texto, garantindo que as alterações no texto sejam refletidas corretamente.
Elementos textuais
O corpo do trabalho — sua parte mais densa e analítica — divide-se em três grandes seções: introdução, desenvolvimento e conclusão. Cada uma delas cumpre uma função específica e deve ser organizada com clareza lógica.
A introdução é o espaço para contextualizar o leitor sobre o tema escolhido, justificar sua relevância, apresentar os objetivos da pesquisa (gerais e específicos), delimitar o problema a ser investigado e expor a estrutura do trabalho. Deve ser escrita com clareza e precisão, pois funciona como um mapa que orientará o leitor ao longo da leitura.
No desenvolvimento, concentram-se os capítulos mais analíticos do trabalho. Essa seção inclui a revisão bibliográfica — em que o autor dialoga criticamente com os principais estudos da área —, a exposição da metodologia adotada (com detalhamento sobre abordagem, instrumentos, recorte e procedimentos de análise), e a apresentação dos dados e resultados obtidos. A análise deve ser interpretativa, relacionando os achados com o referencial teórico previamente discutido.
Por fim, a conclusão é o momento de retomar os objetivos, discutir se foram atingidos, sintetizar os principais resultados e indicar caminhos para futuras investigações. Não se trata de apenas repetir a introdução, mas de encerrar com densidade crítica, oferecendo uma visão panorâmica do que foi descoberto e das contribuições do estudo.
Elementos pós-textuais
Depois de apresentar suas análises, o autor deve finalizar o trabalho com os elementos pós-textuais, que também seguem normas rígidas da ABNT.
O primeiro deles é a lista de referências, composta por todas as obras citadas ao longo do texto, formatadas de acordo com a NBR 6023. A organização deve ser alfabética, sem separação por tipo de obra. É importante verificar com rigor se todas as fontes citadas constam na lista final e se nenhuma obra listada deixou de ser mencionada no corpo do trabalho.
Caso o texto traga termos técnicos ou pouco usuais, recomenda-se a inclusão de um glossário, com definições claras e objetivas. Se o trabalho utilizou materiais complementares, como questionários, imagens, gráficos extensos, tabelas, transcrições ou documentos relevantes, esses devem ser inseridos nos apêndices (produzidos pelo autor) e anexos (elaborados por terceiros), devidamente identificados e citados no corpo do texto.
Por fim, pode-se incluir um índice remissivo (lista de temas abordados com indicação das páginas) ou onomástico (lista de autores e pessoas citadas). Esses elementos são opcionais, mas especialmente úteis em pesquisas de fôlego mais longo, como teses e dissertações, pois facilitam a consulta e demonstram organização sofisticada do conteúdo.
NBR 14724: a espinha dorsal da formatação ABNT
A norma NBR 14724 é a principal diretriz para estruturar seu trabalho acadêmico. Ela estabelece parâmetros visuais, como margens, fonte, espaçamento e elementos obrigatórios.
Use papel A4, com margens de 3 cm (esquerda e superior) e 2 cm (direita e inferior). Essas medidas facilitam a encadernação e a leitura.
Fonte: Times New Roman ou Arial, tamanho 12 para o corpo do texto. Notas de rodapé devem ser escritas em tamanho 10.
Espaçamento de 1,5 entre linhas. Parágrafos com recuo de 1,25 cm na primeira linha. Não use espaçamento entre parágrafos, exceto antes de títulos.
Títulos de seções devem ser numerados e alinhados à esquerda. Nível 1 em caixa alta e negrito; níveis 2 e 3 em minúsculas, com formatação progressivamente menos destacada.
Paginação obrigatória a partir da introdução, no canto superior direito, em fonte tamanho 10, sem ponto final.
NBR 10520: como citar autores corretamente
Citações são parte essencial da escrita acadêmica. Elas demonstram que você dialoga com a literatura e embasa suas ideias em conhecimento consolidado.
A norma NBR 10520 define os dois tipos principais:
Citação direta: reprodução literal do texto de outro autor. Curta (até 3 linhas) vai entre aspas no corpo do texto. Longa (mais de 3 linhas) deve ser destacada em parágrafo próprio, com recuo de 4 cm, sem aspas, fonte menor e espaçamento simples.
Citação indireta: reescrita das ideias de outro autor com suas próprias palavras. Não se usa aspas, mas é obrigatório citar o autor e o ano.
Sistema de chamada:
O mais comum é o sistema autor-data, com sobrenome do autor em letras maiúsculas, seguido do ano entre parênteses. Exemplos:
Segundo SILVA (2020, p. 45)...
"A leitura crítica transforma o leitor" (FREIRE, 1996, p. 12).
Também é possível usar o sistema de chamadas por notas de rodapé, menos comum em algumas áreas.
Evite plágio. Citar corretamente é uma demonstração de ética acadêmica e respeito intelectual.
NBR 6023: como fazer referências corretamente
A NBR 6023 orienta a organização da lista de referências no final do trabalho. Toda fonte citada no texto precisa estar nessa lista.
As referências devem ser listadas em ordem alfabética, alinhadas à margem esquerda, com espaçamento simples e uma linha em branco entre cada item.
Alguns exemplos práticos:
Livro: SOBRENOME, Nome. Título: subtítulo. Edição. Local: Editora, ano.
Artigo de revista: SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome da Revista, cidade, volume, número, páginas, mês e ano.
Tese ou dissertação: SOBRENOME, Nome. Título. Ano. Número de folhas. Dissertação (Mestrado em ...) – Instituição, Local, ano.
Site: SOBRENOME, Nome. Título da página. Nome do site, ano. Disponível em: URL. Acesso em: data.
A pontuação e a ordem dos elementos são rigorosamente estabelecidas e fazem parte da avaliação do trabalho.
Ferramentas que ajudam na formatação ABNT
A tecnologia pode ser uma grande aliada no processo de formatação.
O Microsoft Word permite configurar estilos e sumário automático conforme a ABNT.
Se você quiser um template que já vem com tudo organizadinho, é só clicar aqui para baixar!
Gerenciadores de referências como Zotero, Mendeley, EndNote e Citavi ajudam a organizar fontes, gerar citações e montar a bibliografia com poucos cliques.
Ferramentas como o Canva ou Notion também podem ser utilizadas para montar capas, cronogramas de pesquisa e fichamentos com padrão visual alinhado.
Os erros mais comuns (e como evitá-los)
Muita gente ignora detalhes simples, mas que custam pontos na avaliação:
Esquecer da margem correta;
Citar sem indicar a página;
Fazer referências com ordem errada dos elementos;
Usar fonte ou espaçamento incorretos;
Inverter a ordem dos elementos textuais;
Esquecer de numerar páginas corretamente;
Colocar o sumário fora da norma;
Citar autores sem incluí-los nas referências finais;
Inserir anexos sem mencioná-los no texto.
Esses pequenos deslizes, isoladamente, podem parecer inofensivos. Mas somados, minam a credibilidade e a nota final do seu trabalho.
Outro erro muito comum é utilizar versões antigas das normas. A ABNT atualiza periodicamente suas diretrizes, e algumas instituições adotam inclusive versões internas adaptadas. Por isso, é fundamental verificar não apenas as normas oficiais, mas também os manuais institucionais.
A pressa também é inimiga da boa formatação. Muitos estudantes deixam os ajustes para a véspera da entrega, acumulando erros evitáveis. A recomendação é clara: planeje a escrita e a revisão com espaço suficiente para revisar cada elemento com cuidado.
E por fim, lembre-se: formatar bem é um gesto de respeito pelo leitor, pela banca e pela produção científica.
Conclusão: dominar a ABNT é uma competência essencial
A formatação ABNT não é um mero detalhe. É parte essencial do seu desempenho acadêmico e da sua imagem como pesquisador.
Seguir essas normas demonstra profissionalismo, organização e respeito à comunidade científica.
Trabalhos bem formatados transmitem seriedade, mesmo antes da leitura do conteúdo. A forma e o conteúdo caminham juntos no meio acadêmico.
Use esse guia como ponto de partida. Mas a jornada continua com a prática, com o uso regular das normas e com o hábito de consultar fontes confiáveis.
Acesse os documentos oficiais da ABNT. Use ferramentas que te apoiem, mas nunca deixe a validação final para elas. Leia, revise, e quando possível, compartilhe seu conhecimento com outros colegas.
Dominar a formatação ABNT é mais do que cumprir uma exigência: é construir sua reputação acadêmica com competência, rigor e responsabilidade.
Mais do que um formato, a ABNT é um idioma técnico que todo pesquisador precisa saber falar. Domine essa linguagem e faça da apresentação do seu trabalho uma das suas maiores forças.